17 janeiro, 2008

No autocarro, a olhar para uma criança

A irmã adolescente agarra-o pelo braço com imensa doçura mas firmeza, como se nada fosse mais importante do que mudar o irmão de banco. E o irmão devolve-lhe a imensa doçura e segue-a. Depois, senta-se mais crescido do que o corpo, e olha fixamente pela janela durante toda a viagem, pensativamente adulto.
Quis tanto saber o que pensa. Pensei em aproximar-me, fazer uma pergunta casual, a seguir inquirir o nome, small talk... Hesitei o resto da viagem. Acabei por me deixar ficar sentada, silenciosa, simplesmente observando.
Não foi por medo do ridículo ou falta de coragem. Foi por perceber que o mais importante é o desejo em si de ler nos olhos (e escrever na pele). Perceber que cada pessoa é uma história a cada momento, até uma criança.


Por alguma razão misteriosa, em Londres é-me mais fácil escutar essas histórias. É bom estar de volta.

1 comentário:

NoKas disse...

Welcome back! :)