25 março, 2007

Janela nova

A minha janela preferida é a janela da minha infância.
É uma janela em pé – para se estar à janela de pé: para ver o mundo ao alto.
É uma porta – abre-se e atravessa-se: vai dar a algum lado.
É um espelho – de corpo inteiro: não mente, nada esconde.
É um filtro – só vejo o que quero e nunca esqueço que a vista do lado de dentro é tão importante como a do lado de fora.
Uso o presente, porque não seria sincera se usasse o passado. Há coisas que não passam.
Durante muito tempo, quando acordava de noite sem reconhecer onde estava, era porque pensava estar nesse quarto.
Durante muito tempo, quando acordava de manhã, esperava ver na parede essa janela.
Até vir para Londres, nunca tinha encontrado uma janela à altura de substituir a janela da minha infância.

2 comentários:

Poemas de Sótão e Porão II disse...

Suzana,
Empresta-me a tua maravilhosa janela?
Com ternuras e delicadezas.

Katia Drummond/Escritora.
Sintra, Portugal.

http://www.katiadrummond.multiply.com
http://katiadrummond.blogspot.com/
http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=14691037269164322176

Anónimo disse...

Que bom encontrar qualquer
coisa que se parece verdadeiramente com uma "janela para o mundo", das outras estamos fartos. Os ares do Norte são frescos e fazem bem.
Até já,

Miguel far away